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Filósofo educador. "(...) a felicidade não é o somatório de todos os prazeres de que logramos desfrutar menos todas as dores que não conseguimos evitar e, sim, uma certa qualidade de vida".

terça-feira, 10 de novembro de 2009

VIOLÊNCIA: A MENTALIDADE AUTORITÁRIA BRASILEIRA



A violência, no Brasil, é hoje disparada o maior entrave na nossa sociedade.
Envolto por problemas sociais de toda ordem, o Brasil ressente-se de traços de solidariedade e do referencial de cidadania. Curioso é que cidadania é entendida apenas como adesão ao sufrágio e à participação política.
Como é de conhecimento, a violência não é um fenômeno recente. Nossa história foi e ainda é estigmatizada por atos violentos e coação de pessoas muitas das vezes encabeçada pelo Estado ou sob o seu consentimento.
Não bastasse a onda de ataques violentos de bandidos contra a polícia no Rio de Janeiro que vitimou pelo menos 30 (trinta) pessoas em uma semana, o país ficou estarrecido aos vídeos de uma câmera que flagrou na mesma cidade dois bandidos assaltando e matando um homem e, continuamente, dois PMs roubando os ladrões que, pouco depois, seguem tranqüilos sem que nada fosse feito a eles.
A vítima é o coordenador do Afro Reggae, Evandro João Silva, 42 anos, e a tragédia aconteceu na madrugada do domingo 18 Outubro no centro do Rio de Janeiro.
A violência que habita a vida privada e também os corredores enigmáticos de Brasília é a mesma que ocorre contra a mulher.
Alunos de uma universidade em São Paulo, após perseguirem e humilharem uma jovem porque estava vestida de mini-saia revelou para o país o nível de preconceito e violência exacerbada incutida na consciência daqueles que advogam ser o futuro do nosso país.
Foi, sem dúvida, uma atitude estúpida e grosseira desses universitários que pareciam um bando de chacais selvagens correndo famintos atrás de sua presa. Antes fossem uns animais. Lamentável é que se trata de uma minoria pertencente à elite intelectual e que em breve estarão espalhados por ai formando opiniões.
Tudo indica que os valores que se ensinam naquela universidade são os mesmos profetizados por Padre Vieira que achava que as mulheres deviam sair de casa em apenas três ocasiões: para o batismo, o casamento e o próprio enterro.*
Não se pode dizer que a mulher, representada a partir de modelos de fragilidade, que esteve à margem da participação política e pública, é algo superado na nossa sociedade, sobretudo, quando é alimentado por ranços desse nível.
As manifestações de violência frequentemente estão associadas à questão de poder e status social. No passado, à aliança entre Estado e Igreja, que instituiu a inquisição.
Condenada por desacato aos dogmas da fé, Joana Maria, casada com o serrador de madeiras Francisco Antonio Coluna, foi duramente castigada pela Igreja que não levou em conta a violência que sofria em casa pelo marido.
Episódio como este e aquele só reforçam a idéia de que a violência não tem fronteiras e por isso mesmo ela habita desde sempre a nossa cultura. Dá ânsia pensar que ainda temos que conviver com mentalidades beocias como estas capazes de atitudes reacionárias, sobretudo quando parte de um grupo freqüentadores de universidade.
É pouco provável esperar da atual geração um nível considerável de conscientização política e social, visto que uma parcela considerável está atrelada e mergulhada num mundo regido pelo subjetivismo e com idéias ego centradas, chegando mesmo a dispensar a misericórdia para perpetuar o ódio e a cólera.
Tememos esses jovens ambíguos que ora pintam a cara e se revestem de tamanho orgulho ao pedir a renúncia de um presidente, noutro, promovem perseguições sistemática contra uma companheira de universidade impondo padrões morais.
Não sem motivos Nelson Rodrigues dizia em tom desesperador como que pedindo para os atuais jovens que envelhecessem o mais rápido possível.
A justiça verdadeira, pelo menos ao que parece, habita a morada do inteligível e por isso mesmo inalcançável para a maioria do gênero humano. Ela, não prescinde a inteligência, a prudência, a fidelidade, a generosidade, (...), a tolerância.
A justiça, dizia tão belamente Aristóteles que a comparava com a mais perfeita das virtudes e que nem a estrela da noite, nem a estrela da manhã são tão admiráveis.
Portanto, é preciso resistir a injustiça que cada um traz em si. Esse é o reino que pensamos habitar ou pelo menos esforçamos por alcançá-lo. Felizes os famintos de justiça que nunca serão saciados.
*Reflexões para o Futuro. Veja 25 Anos. Editora Abril.

Um comentário:

  1. Ya. Não costumo me escandalizar facilmente, mas essa história da UNIBAN, é muito bizzara!

    Já se falou tudo contra as práticas medonhas e métodos nazistas da polícia brasileira... Sabe-se que os traficantes são cruéis com seus adversários, mas epá! traficantes são bandidos... Aplique-se a eles o rigor da lei.

    Mas agora, o que dizer de uma tentativa de curra e linchamento em uma campus universitário?...
    E como se não bastasse os alunos da UNIBAN nos lembrarem de que todos somos animais, e que a civilidade é uma conquista que mal chegou aos trópicos... Como se não bastasse isso, a direção da "escola" julgou oportuno expulsar a aluna!

    Nisto, para mim, está o maior problema. Quando a universidade cogita expulsar a aluna pra resolver a questão, não faz outra coisa senão atestar que a violência é um mal com o qual teremos que aprender a conviver.

    Tá difícil, acordar, levantar, tomar café, dar bom dia ao meu filho, sair de casa, trabalhar, retornar, jantar e dormir, e ainda achar que vale a pena fazer tudo isso no dia seguinte...

    A vida é uma merda...
    Lwei

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