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Divinopólis, Minas Gerais, Brazil
Filósofo educador. "(...) a felicidade não é o somatório de todos os prazeres de que logramos desfrutar menos todas as dores que não conseguimos evitar e, sim, uma certa qualidade de vida".

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Divinópolis –100 motivos para se preocupar




Uma importante cidade como Divinópolis deveria tem muitos motivos para comemorar seu primeiro século de vida caso não houvesse tanto descaso dos poderes executivo e do legislativo para com o bem comum do município.
Ainda no primeiro trimestre deste ano - 2012, a cidade já contabilizava números significativos de violência e por esta razão tem incomodado parte significativa da população, sobretudo o modo letárgico do poder público para pensar com rapidez medidas cabíveis para estancar esse mal-estar quem vem se avolumando por toda cidade e há quem diga que o número de homicídios igualará aos 100 (cem anos) que a cidade merecidamente está próximo de completar.
Costumo repetir nos meus ensaios uma fala significativa do Papa Bento XVI que ilustra muito bem essa questão; “a ordem justa da sociedade e do Estado é tarefa principal da política”.
Assim sendo, convido a você caro leitor, para refletir sobre essa questão, ainda que local, e descobrir por si mesmo o que nossos representantes políticos qual seja, Prefeito e Vereadores, têm feito para dar a cada cidadão desta importante cidade as garantias de se viver uma vida plena sem os riscos do abuso do poder e da violência humana como se tem visto com muita freqüência até a presente data.
A justiça, diz Dom Walmor O. de Azevedo, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, é um olhar que abrange o conjunto da vida da sociedade e incomoda com sua urgência de resposta, particularmente quando faz ver as condições indignas de vida de grande parte da população.
Não obstante o número preocupante de casos de homicídios constatados -23 vítimas a cidade carece de um projeto político de urgência ontológica, isto é, um pensar responsável que inclua na pauta de discussão política os interesses econômicos da cidade em concomitância com os valores humanos tomados em sua dimensão cósmica e antropológica, principalmente por sabermos que ainda há muito o que fazer nessa área como resolver as situações dos desvalidos que vivem a margem dos benefícios sociais e que para muitos não entram na categoria de pessoas.
À parte as questões acima mencionadas, quem anda pela cidade percebe o pouco comprometimento do poder público municipal para com a segurança do cidadão, para ficar em poucos exemplos, os incontáveis cachorros de rua que vagueiam soltos pelos corredores da cidade, muitos deles doentes e perigosos o suficiente para avançar nas pessoas. Curiosamente isso pelo que parece tem assumido, nesta cidade, uma questão cultural onde comerciantes e passeantes dividem o mesmo espaço urbano com animais que deveriam no mínimo estar protegidos em local mais apropriado para que eles possam beneficiar-se melhor de sua animalidade sem os perigos da crueldade humana.
A propósito, a pólis ou a cidade é o lugar por excelência onde o homem exerce sua cidadania, sua condição humana, de outro modo, um lugar onde a violência praticada pelo mais forte contra o mais fraco ou ainda, um lugar onde a vida animal ameaça a paz cívica, precisa ser re-pensada. Ninguém em sã consciência ousaria dar razão para essa última questão. Animais soltos nas ruas e praças podem trazer riscos iminentes para a saúde da população e principalmente para nossas crianças que gostam de brincar nos gramados das praças públicas como ocorre na Praça da Catedral nos fins de cada tarde.
Quero com isso dizer que a violência não se restringe apenas no aspecto de classe social, no sofrimento de dor física, muito embora a constatamos no desajuste estrutural dos sistemas políticos, econômicos e sociais dominantes que negam os benefícios e acesso a uma vida digna para grande número de pessoas, servindo de base para a violência em suas várias modalidades como por exemplo; a violência direta, porque influi na pauta de socialização que levam os indivíduos a naturalizar e aplicar sofrimentos, segundo a função social que desempenham, violência aberta ou direta; exercida por agressão, através de armas e força física, quando muito, a violência moral praticadas pelos legisladores contra cada cidadão desta cidade que paga religiosamente seus impostos para pouco receberem de volta.
Recordemos em tempo que a Prefeitura desrespeitosamente ignorou a limpeza das ruas por um período significativo, por todos os lados se viam lotes e calçadas tomadas por matos e lixos acumulados ainda do inicio do ano. Entretanto após algumas centenas de denúncias essas reivindicações foram atendidas no fim do mês de Abril.
Portanto, não convém elencar aqui outras questões relevantes exatamente para não assumir uma conotação política posto que não seja o caso. Entretanto, parte do que aqui foi exposto e que passa despercebido aos olhos dos nossos legisladores e de parte da população deveria ser tratado com mais perspicácia.
Cidadania não é privilegio para poucos, nem se confunde com festejos publicitários custeados com o erário público afim de agradar os famintos de efemeridades. Está prescrito no Artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos do Homem e da mulher; “toda pessoa têm o direito de ter o que é necessário para não adoecerem; comer; vestir-se, ter uma casa para morar, assistência medica”.
Para transformar essa letargia política e cultural instauradas no ethos dessa comunidade faz mister enxergar que a violência começa a ser praticada dentro de casa, com nossos hábitos individuais e pouco solidários como acontece conosco que temos pão e tetos garantidos. Podemos e devemos ser mais participes e atuantes no processo político do município e, sobretudo, cobrar transparência e publicidade daquilo que nos interessa enquanto cidadãos.
Só assim poderemos combater as violências que sofremos no dia a dia e que, muito das vezes, praticamos e até gostamos. Quanto aos 100 anos de Divinópolis nossos parabéns e que venham outros séculos de muita prosperidade.
Paz  e bem!

Publicação disponível em:
Israel Martins. Filósofo educador, Maio de 2012.

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