Uma importante cidade como
Divinópolis deveria tem muitos motivos para comemorar seu primeiro século de
vida caso não houvesse tanto descaso dos poderes executivo e do legislativo
para com o bem comum do município.

Costumo repetir nos meus ensaios uma
fala significativa do Papa Bento XVI que ilustra muito bem essa questão; “a
ordem justa da sociedade e do Estado é tarefa principal da política”.
Assim sendo, convido a você caro
leitor, para refletir sobre essa questão, ainda que local, e descobrir por si
mesmo o que nossos representantes políticos qual seja, Prefeito e Vereadores,
têm feito para dar a cada cidadão desta importante cidade as garantias de se
viver uma vida plena sem os riscos do abuso do poder e da violência humana como
se tem visto com muita freqüência até a presente data.
A justiça, diz Dom Walmor O. de
Azevedo, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, é um olhar que abrange o
conjunto da vida da sociedade e incomoda com sua urgência de resposta,
particularmente quando faz ver as condições indignas de vida de grande parte da
população.
Não obstante o número preocupante de
casos de homicídios constatados -23 vítimas a cidade carece de um projeto
político de urgência ontológica, isto é, um pensar responsável que inclua na
pauta de discussão política os interesses econômicos da cidade em concomitância
com os valores humanos tomados em sua dimensão cósmica e antropológica,
principalmente por sabermos que ainda há muito o que fazer nessa área como resolver
as situações dos desvalidos que vivem a margem dos benefícios sociais e que
para muitos não entram na categoria de pessoas.
À parte as questões acima
mencionadas, quem anda pela cidade percebe o pouco comprometimento do poder público
municipal para com a segurança do cidadão, para ficar em poucos exemplos, os incontáveis
cachorros de rua que vagueiam soltos pelos corredores da cidade, muitos deles doentes
e perigosos o suficiente para avançar nas pessoas. Curiosamente isso pelo que
parece tem assumido, nesta cidade, uma questão cultural onde comerciantes e
passeantes dividem o mesmo espaço urbano com animais que deveriam no mínimo
estar protegidos em local mais apropriado para que eles possam beneficiar-se
melhor de sua animalidade sem os perigos da crueldade humana.
A propósito, a pólis ou a cidade é o
lugar por excelência onde o homem exerce sua cidadania, sua condição humana, de
outro modo, um lugar onde a violência praticada pelo mais forte contra o mais
fraco ou ainda, um lugar onde a vida animal ameaça a paz cívica, precisa ser
re-pensada. Ninguém em sã consciência ousaria dar razão para essa última
questão. Animais soltos nas ruas e praças podem trazer riscos iminentes para a
saúde da população e principalmente para nossas crianças que gostam de brincar
nos gramados das praças públicas como ocorre na Praça da Catedral nos fins de
cada tarde.
Quero com isso dizer que a violência
não se restringe apenas no aspecto de classe social, no sofrimento de dor
física, muito embora a constatamos no desajuste estrutural dos sistemas
políticos, econômicos e sociais dominantes que negam os benefícios e acesso a
uma vida digna para grande número de pessoas, servindo de base para a violência em suas várias modalidades como por exemplo; a violência direta, porque influi na pauta de socialização que levam os indivíduos a
naturalizar e aplicar sofrimentos, segundo a função social que desempenham,
violência aberta ou direta; exercida por agressão, através de armas e força
física, quando muito, a violência moral praticadas pelos legisladores contra
cada cidadão desta cidade que paga religiosamente seus impostos para pouco
receberem de volta.
Recordemos em tempo que a Prefeitura
desrespeitosamente ignorou a limpeza das ruas por um período significativo, por
todos os lados se viam lotes e calçadas tomadas por matos e lixos acumulados
ainda do inicio do ano. Entretanto após algumas centenas de denúncias essas
reivindicações foram atendidas no fim do mês de Abril.
Portanto, não convém elencar aqui
outras questões relevantes exatamente para não assumir uma conotação política
posto que não seja o caso. Entretanto, parte do que aqui foi exposto e que
passa despercebido aos olhos dos nossos legisladores e de parte da população
deveria ser tratado com mais perspicácia.
Cidadania não é privilegio para
poucos, nem se confunde com festejos publicitários custeados com o erário público
afim de agradar os famintos de efemeridades. Está prescrito no Artigo 25 da
Declaração Universal dos Direitos do Homem e da mulher; “toda pessoa têm o
direito de ter o que é necessário para não adoecerem; comer; vestir-se, ter uma
casa para morar, assistência medica”.
Para transformar essa letargia
política e cultural instauradas no ethos dessa comunidade faz mister enxergar
que a violência começa a ser praticada dentro de casa, com nossos hábitos
individuais e pouco solidários como acontece conosco que temos pão e tetos garantidos.
Podemos e devemos ser mais participes e atuantes no processo político do
município e, sobretudo, cobrar transparência e publicidade daquilo que nos
interessa enquanto cidadãos.
Só assim poderemos combater as
violências que sofremos no dia a dia e que, muito das vezes, praticamos e até
gostamos. Quanto aos 100 anos de Divinópolis nossos parabéns e que venham
outros séculos de muita prosperidade.
Paz
e bem!
Publicação disponível em:
Israel Martins. Filósofo educador, Maio
de 2012.
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