Belo Horizonte entrou, em boa hora em
fase de restauração e progressos colimados com outros aspectos importantes
condizentes com a grandeza da cidade e a real necessidade de seus habitantes.
Avanços como a Lei Municipal* que
fiscaliza os excessos de publicidade tiveram que adequar-se a uma nova
pedagogia ecologicamente sustentável, que se fale também da lei do silêncio que
refreia os exageros em bares noturnos nos bairro residenciais tem sido motivo
de muita atenção. Quem não se recorda da ocupação desordenada dos vendedores
ambulantes, no hipercentro, em tempos passados que limitavam o ir e vir dos
transeuntes além de se servirem de esconderijo de pickpocket tiveram também uma
atenção especial para o bem do Município.
Questões como essas foram, sem dúvida,
conquistas importantes para a população, o que demonstra um amadurecimento do
nosso legislativo e que muito tem feito para dar volume em outras demandas
sociais como, por exemplo, a Democratização da Cultura encampada com a
popularização do teatro, ampliação das UMEIs ( Unidade Municipal de Educação
Infantil), assentamento digno para algumas famílias que viviam em área de
risco. Tudo isso já encontraram quem lhes abrisse as portas nessa cidade ainda
que com muito atraso, mas que souberam dar voz e ânimo em questões finas que
ficaram esquecidas ao sabor da indiferença e da ignomínia por longos tempos e
que dava a essa cidade um aspecto provinciano com mais de Um século de atraso.
Nessa esteira, desde a confirmação da
realização da Copa do Mundo de Futebol para o Brasil, os ventos da revolução
fincaram suas bandeiras nesta alterosa e por essa razão não há uma só pessoa
que não tenha sofrido na pele a impaciência com a lentidão do trânsito ainda mais
caótico, o conserta-quebra, a demora, (...), a afinação das britadeiras e por
aí vai.
Acreditando nas benesses que esse grande
evento de um dia só legará para a população e sua descendência, muito esforço
tem sido empregado com uma velocidade nunca antes visto. O cenário é envolvente
e ritmado com a força bruta que avança sobre as velhas edificações. O ritmo
frenético das máquinas, o ruir das pedras, o esfarelar impiedoso dos casarões,
agora mutilados, avolumam-se sob o chão. O romantismo de bairros importantes
como a lagoinha com suas casas coloniais jaz sobre os escombros sem história.
Que se diga; em nome do progresso.
O atestado de óbito de nossa historia
acaba sendo sufocado sob alegação do interesse público. Não há passado, não há
história, tampouco tempo para nostalgia de um olhar dirigido para o tempo de
dentro da varanda. Tudo isso tem sido consensual e passado pelo crivo dos
intermináveis olhares que indo ou vindo, acreditam na prosperidade e no sonho
de uma nova cidade, melhor para todos.
É bem verdade que estávamos
demasiadamente cansados do ritmo pacato dessa cidade e da sua política café com
leite, previsível que sempre. Como um enfeitiçamento poucos ousam criticar essa
revolução gloriosa que já nasce com prazo de validade tão logo passar a fantasia
do futebol sob o apito do juiz apontando para o centro do gramado.
Diz o provérbio que política e futebol
não se discute; e aqueles que assim o fazem, são as vozes melancólicas e
saudosistas. São os lamentos do passado, do atraso, do opróbrio enraizado no
presente.
Não haveremos de negar que toda mudança
se faz necessária desde que se leve em consideração o interesse da população.
Modernizar como se tem feito até agora é algo necessário e agrada a alma. Mas
convém em nome do bom senso e da justiça social levar em consideração outras
tantas reivindicações que andam esquecidas nos calabouços dos tribunais, nos
arquivos das nossas casas legislativas e por ai vai.
Entra ano e sai ano a promessa de
revitalização do Anel Rodoviário e duplicação da 381 não passa de um arremedo
publicitário um engodo onde Governo e Município se sustentam para se manterem
no poder. Enquanto isso, muitas vidas tem sido perdidas e nada de consistente
tem sido feito.
Há um grande cansaço em tudo isso e
pessoas como eu já não suportam passar muito tempo preso no trânsito ou
dependente de um sistema de transporte coletivo velho e nada funcional. Somos,
em parte, uma população descrente com nossos homens públicos, estamos cansados
com as repetidas promessas e faz de conta. Que bom que o Mineirão está de volta!
Há um grande cansaço!
Aqueles que se privilegiam de poder fugir
numa sexta feira para o descanso num condomínio fechado no entorno da
Metrópole, ou de fazer como um grande comunicador de uma emissora de rádio faz
toda sexta feira parafraseando os cantores Vitor e Leo após seu programa “ que
vida boa ô ô ô, que vida boa, sapo caiu na lagoa, sou eu no caminho do meu
sertão ...”
Assim fiz eu ao descobrir em Divinópolis
os motivos para se viver uma vida boa, sem os grilhões da cidade grande, sem os
desconfortos dos ônibus lotados e que nunca passam. Aqui nessa pacata cidade eu
repouso minha alma aos domingos passeando com minha pequena Sophia na pracinha
do Santuário, sem pressa e sem preocupação.
Aqui não temos a violência praticada em
nome do futebol, não temos torcidas Dês-organizadas. Aos sábados o comércio
abaixa suas portas antes das duas horas e a cidade se debruça num delicioso
descanso, sem barulho sem ruídos. Isso é que é vida boa ô ô ô que vida
boa ...
Talvez eu dê uma voltinha por ai pra
rever alguns amigos, mas pra voltar às pressas.
Paz e bem!
Divinópolis, 08 de Fevereiro de 2013
Disponível também em: www.educeacao.blogspot.com
*http://gestaocompartilhada.pbh.gov.br/sites/gestaocompartilhada.pbh.gov.br/files/biblioteca/arquivos/cartilha_codigo_posturas.pdf
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