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Divinopólis, Minas Gerais, Brazil
Filósofo educador. "(...) a felicidade não é o somatório de todos os prazeres de que logramos desfrutar menos todas as dores que não conseguimos evitar e, sim, uma certa qualidade de vida".

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

QUE SEJA SOMENTE UM ATÉ BREVE.



Belo Horizonte entrou, em boa hora em fase de restauração e progressos colimados com outros aspectos importantes condizentes com a grandeza da cidade e a real necessidade de seus habitantes.

Avanços como a Lei Municipal* que fiscaliza os excessos de publicidade tiveram que adequar-se a uma nova pedagogia ecologicamente sustentável, que se fale também da lei do silêncio que refreia os exageros em bares noturnos nos bairro residenciais tem sido motivo de muita atenção. Quem não se recorda da ocupação desordenada dos vendedores ambulantes, no hipercentro, em tempos passados que limitavam o ir e vir dos transeuntes além de se servirem de esconderijo de pickpocket tiveram também uma atenção especial para o bem do Município.

Questões como essas foram, sem dúvida, conquistas importantes para a população, o que demonstra um amadurecimento do nosso legislativo e que muito tem feito para dar volume em outras demandas sociais como, por exemplo, a Democratização da Cultura encampada com a popularização do teatro, ampliação das UMEIs ( Unidade Municipal de Educação Infantil), assentamento digno para algumas famílias que viviam em área de risco. Tudo isso já encontraram quem lhes abrisse as portas nessa cidade ainda que com muito atraso, mas que souberam dar voz e ânimo em questões finas que ficaram esquecidas ao sabor da indiferença e da ignomínia por longos tempos e que dava a essa cidade um aspecto provinciano com mais de Um século de atraso.

Nessa esteira, desde a confirmação da realização da Copa do Mundo de Futebol para o Brasil, os ventos da revolução fincaram suas bandeiras nesta alterosa e por essa razão não há uma só pessoa que não tenha sofrido na pele a impaciência com a lentidão do trânsito ainda mais caótico, o conserta-quebra, a demora, (...), a afinação das britadeiras e por aí vai.  

Acreditando nas benesses que esse grande evento de um dia só legará para a população e sua descendência, muito esforço tem sido empregado com uma velocidade nunca antes visto. O cenário é envolvente e ritmado com a força bruta que avança sobre as velhas edificações. O ritmo frenético das máquinas, o ruir das pedras, o esfarelar impiedoso dos casarões, agora mutilados, avolumam-se sob o chão. O romantismo de bairros importantes como a lagoinha com suas casas coloniais jaz sobre os escombros sem história. Que se diga; em nome do progresso.

O atestado de óbito de nossa historia acaba sendo sufocado sob alegação do interesse público. Não há passado, não há história, tampouco tempo para nostalgia de um olhar dirigido para o tempo de dentro da varanda. Tudo isso tem sido consensual e passado pelo crivo dos intermináveis olhares que indo ou vindo, acreditam na prosperidade e no sonho de uma nova cidade, melhor para todos.

É bem verdade que estávamos demasiadamente cansados do ritmo pacato dessa cidade e da sua política café com leite, previsível que sempre. Como um enfeitiçamento poucos ousam criticar essa revolução gloriosa que já nasce com prazo de validade tão logo passar a fantasia do futebol sob o apito do juiz apontando para o centro do gramado.

Diz o provérbio que política e futebol não se discute; e aqueles que assim o fazem, são as vozes melancólicas e saudosistas. São os lamentos do passado, do atraso, do opróbrio enraizado no presente.

Não haveremos de negar que toda mudança se faz necessária desde que se leve em consideração o interesse da população. Modernizar como se tem feito até agora é algo necessário e agrada a alma. Mas convém em nome do bom senso e da justiça social levar em consideração outras tantas reivindicações que andam esquecidas nos calabouços dos tribunais, nos arquivos das nossas casas legislativas e por ai vai.

Entra ano e sai ano a promessa de revitalização do Anel Rodoviário e duplicação da 381 não passa de um arremedo publicitário um engodo onde Governo e Município se sustentam para se manterem no poder. Enquanto isso, muitas vidas tem sido perdidas e nada de consistente tem sido feito.

Há um grande cansaço em tudo isso e pessoas como eu já não suportam passar muito tempo preso no trânsito ou dependente de um sistema de transporte coletivo velho e nada funcional. Somos, em parte, uma população descrente com nossos homens públicos, estamos cansados com as repetidas promessas e faz de conta. Que bom que o Mineirão está de volta!

Há um grande cansaço!

Aqueles que se privilegiam de poder fugir numa sexta feira para o descanso num condomínio fechado no entorno da Metrópole, ou de fazer como um grande comunicador de uma emissora de rádio faz toda sexta feira parafraseando os cantores Vitor e Leo após seu programa “ que vida boa ô ô ô, que vida boa, sapo caiu na lagoa, sou eu no caminho do meu sertão ...”

Assim fiz eu ao descobrir em Divinópolis os motivos para se viver uma vida boa, sem os grilhões da cidade grande, sem os desconfortos dos ônibus lotados e que nunca passam. Aqui nessa pacata cidade eu repouso minha alma aos domingos passeando com minha pequena Sophia na pracinha do Santuário, sem pressa e sem preocupação.

Aqui não temos a violência praticada em nome do futebol, não temos torcidas Dês-organizadas. Aos sábados o comércio abaixa suas portas antes das duas horas e a cidade se debruça num delicioso descanso, sem barulho sem ruídos. Isso é que é vida boa ô ô ô  que vida boa ...

Talvez eu dê uma voltinha por ai pra rever alguns amigos, mas pra voltar às pressas.

Paz e bem!

Divinópolis, 08 de Fevereiro de 2013

Disponível também em: www.educeacao.blogspot.com

*http://gestaocompartilhada.pbh.gov.br/sites/gestaocompartilhada.pbh.gov.br/files/biblioteca/arquivos/cartilha_codigo_posturas.pdf

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